É impossível negar a intemporalidade do Design Minimalista, mas o que acontece a este conceito num ano em que o Maximalismo é tendência?
O Minimalismo é um conceito frequentemente associado a um estilo de vida confortável, tranquilo e leve, que tem resistido ao longo dos tempos e, aliás, tornado popular.
Apesar da volatilidade das tendências, o Design Minimalista é agora vista como um design atemporal, especialmente numa era marcada pela discussão em torno da sustentabilidade, hábitos de vida saudáveis e da necessidade de modificar padrões de consumo.
Em contrapartida, o Maximalismo é considerado tendência de Design de Interiores em 2023, tornando necessário repensar o Minimalismo, por forma a adequá-lo ao mercado atual, assegurando-se a continuidade dos esforços em torno da temática da sustentabilidade. Desta forma, este torna-se passível de ser adaptado, porquanto se trata de um estado de consciência, ao invés de um conjunto de características impreteríveis.
Neste artigo evidenciamos as principais singulares do Minimalismo e do Design Minimalista, e apresentamos sugestões de adaptação ou fusão deste com o conceito oposto – Maximalismo.
O que é o Design Minimalista?
À medida que este estilo ganhou forma nas artes visuais, muito dos seus princípios foram aplicados ao Design e à Arquitetura, onde estruturas e elementos viram-se reduzidas ao necessário. Como uma resposta ao caos da vida urbana àquela época, o design minimalista prevalece ainda hoje tentando colmatar o stress provocado pela agitação diária e, ao mesmo tempo, percorrer a caminhada da sustentabilidade.
Uma decoração minimalista é, tipicamente, definida por linhas sóbrias, uma paleta de cores monocromáticas ou neutras, reduzida ornamentação e, materiais, essencialmente, naturais. No entanto, este estilo não se trata apenas de visual, mas sim de um conceito baseado numa forma de viver. A ideologia minimalista desencoraja o consumo desnecessário, promovendo pelo contrário, um dia a dia com aquilo que é realmente essencial. Para além da estética agradável, o Minimalismo acredita que a funcionalidade é fundamental, preferindo elementos que permitam armazenamento ou uma multiplicidade de funções.
Quais os Princípios do Design Minimalista?
Se quisermos descrever um ambiente com este estilo, vamos começar, tendencialmente, por julgar que falta algo, no entanto, acabamos por perceber que ele tem tudo o que é necessário para o cumprimento do seu propósito. Posteriormente, concluiremos que a falta de elementos adicionais e despropositados, só vem acrescentar valor, visto que o espaço fica mais leve e tranquilo, promovendo maior qualidade do descanso. De uma forma resumida, podem destacar-se alguns princípios transversais:
- Filosofia “menos é mais”.
- Foco na funcionalidade.
- Preferência pela luz natural.
- Organização: tudo tem um lugar e um propósito.
- Formas esculturais, linhas sóbrias e paleta de cores neutras.
- Uso de materiais naturais, como a madeira, o concreto e o vidro.
- Reduzida ornamentação, dando-se preferência a obras de arte de alto valor.
Por que é que o Design de Interiores Minimalista é tão popular?
Atualmente, e no decorrer dos últimos anos, é difícil falar sobre Minimalismo sem fazer referência à Sustentabilidade. Apesar de se tratar de um conceito associado, sobretudo, a uma cultura consciente de simplicidade, a verdade é que a sua conceção em muito se assemelha aos princípios da sustentabilidade cujos valores assentam em melhores escolhas de recursos, mudança de comportamentos de consumo e zelo pela natureza.
À medida que o mundo enfrenta uma crise climática, a redução do consumo individual tornou-se cada vez mais comum, com o regresso à mentalidade que privilegia o básico. Cada vez mais pessoas entendem que, além da praticabilidade de viver com menos e contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade, também pode haver um senso estético.
Por um lado, entidades independentes e governamentais, desenvolvem esforços contínuos para o cumprimento dos objetivos da economia circular; e por outro, profissionais de áreas como o Design de Interiores, dedicam-se a fazer desta temática uma constante na vida de todos nós.
Minimalismo versus Maximalismo
No design minimalista, a ‘forma’ é mais importante. Os elementos são essenciais para que o espaço cumpra a sua função, mas a relevância é dada ao modo como todos esses elementos conversam e se relacionam entre si. Todos eles devem trabalhar juntos na sua forma mais básica, agregando valor ao espaço.
O Maximalismo, pelo contrário, acredita na capacidade de surpreender através de elementos alegres e da combinação de cores e padrões, captada pela diversidade de recursos presentes no ambiente.
Acreditamos que existe uma forma destes movimentos estéticos coexistirem, e a prova disso está no design de interiores contemporâneo. Neste tipo de design de interiores, coexiste a leveza e a consciência sustentável características do Minimalismo, mas também o espírito alegre do Maximalismo, onde há a possibilidade de incorporação da identidade da pessoa.
Pensemos num interior de design minimalista. Para podermos fazer a fusão dos dois estilos, podemos incorporar, por exemplo, papel de parede, ou recorrer aos têxteis criando alguma textura – sendo aliás uma das características do design de interiores escandinavo (ele próprio com influências minimalistas).
Mesmo que possa não parecer um ambiente minimalista no sentido tradicional, o espaço continuará a ser fiel aos princípios fundamentais deste conceito – tranquilo, organizado e consciente -, e, ainda assim, adotar a identidade alegre que, eventualmente, se pretenda.
De ADN Minimalista…
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